Prevista como parte das ações do Movimento Nacional pela Vacinação, a campanha de imunização contra a gripe já está em andamento. Mais de 80 milhões de brasileiros fazem parte do grupo prioritário e a meta é proteger pelo menos 90% dessas pessoas.
O infectologista e diretor do Departamento de Imunizações do Ministério da Saúde, Eder Gatti, explica que a campanha de vacinação contra a gripe ocorre, no Brasil, há mais de 20 anos. “É uma campanha sazonal, ou seja, é realizada todos os anos, na mesma época. Todas as pessoas devem se informar no seu município e nos canais oficiais do governo federal quais são os grupos prioritários”, detalha.
Confira abaixo outras orientações do especialista:
- Qual a importância da vacinação?
A gripe não é um resfriado comum. Ela pode evoluir para formas mais graves, que podem matar. Por isso, é uma doença que requer cuidado. A lista de grupos prioritários inclui justamente aquelas pessoas mais vulneráveis. Diferentemente de uma pessoa mais jovem, por exemplo, o idoso corre maior risco de complicações. Além de ficar mais abatida, a pessoa idosa pode desenvolver pneumonia, com consequências graves.
- Quais são os grupos prioritários?
Idosos com 60 anos ou mais; crianças de 6 meses a menores de 6 anos de idade (5 anos, 11 meses e 29 dias); gestantes e puérperas; povos indígenas; trabalhadores da saúde; professores das escolas públicas e privadas; pessoas com comorbidades; pessoas com deficiência permanente; forças de segurança e salvamento; Forças Armadas; caminhoneiros; trabalhadores de transporte coletivo rodoviário de passageiros urbano e de longo curso; trabalhadores portuários; funcionários do sistema prisional; adolescentes e jovens de 12 a 21 anos de idade sob medidas socioeducativas; e população privada de liberdade.
- Como é o esquema vacinal das crianças?
Todas as crianças que receberam pelo menos uma dose da vacina influenza em anos anteriores, devem receber apenas uma dose em 2023. Para a população indígena e pessoas com comorbidades, a vacina está indicada para as crianças de 6 meses a menores de 9 anos de idade. Deve ser considerado o esquema de duas doses para as crianças de 6 meses a menores de 9 anos, que serão vacinadas pela primeira vez, devendo-se agendar a segunda dose para 30 dias após a primeira dose.
- Por que a vacina deve ser tomada todos os anos?
Isso acontece porque é preciso elevar o número de anticorpos no organismo. Os vírus sofrem mutações constantes. Além disso, há vários tipos de influenza que circulam no mundo. Por isso, existe uma vigilância global, exercida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), para saber que tipo de vírus está circulando. Essa vigilância dita, justamente, qual é a composição da vacina. Então, ano após ano, a vacina muda.
- A vacina causa efeitos colaterais?
A vacina é segura e composta de vírus não ativado. Como qualquer imunizante, ela estimula o sistema imunológico a produzir defesa. Então é comum a pessoa ter uma sensação de dor no corpo ou uma eventual febre baixa. Isso nada mais é do que o próprio organismo reagindo contra os antígenos que foram injetados com a vacina. Esse é o primeiro passo para a pessoa ter garantida a sua proteção. Esses eventos são raros, mas quando acontecerem, não devem preocupar. É simplesmente o corpo reagindo e criando defesas.
- Quanto tempo dura a proteção da vacina?
A detecção de anticorpos protetores se dá entre duas a três semanas depois da vacinação e apresenta, geralmente, duração de 6 a 12 meses. O pico máximo de anticorpos ocorre após 4 a 6 semanas. A proteção conferida pela vacinação é de aproximadamente um ano, motivo pelo qual ela é feita anualmente.
- A vacina da gripe pode ser aplicada junto à vacina da Covid-19 ou outras?
A aplicação da vacina da gripe pode, sim, ser feita em conjunto com outras vacinas. Tanto é que o Ministério da Saúde orienta que os municípios aproveitem a oportunidade da visita das pessoas à unidade de saúde para atualizar também a imunização contra a Covid-19 e, se for possível, atualizar outras vacinas pendentes no calendário de cada um.
- Houve queda na cobertura vacinal?
As coberturas vacinais, infelizmente, vem caindo ano após ano. Com o objetivo de retomar o quanto antes as altas coberturas, ou seja, a alta proteção, a orientação do Ministério da Saúde é que os municípios iniciem a vacinação com todos os grupos prioritários ao mesmo tempo, para dar mais oportunidade às pessoas de atualizar a caderneta.
- Qual a orientação para vacinação de gestantes e puérperas?
As gestantes apresentam maior risco de doenças graves e complicações causadas pela influenza, podendo ser vacinadas em qualquer idade gestacional. Todas as mulheres no período até 45 dias após o parto estão incluídas no grupo-alvo de vacinação. Para isso, deverão apresentar documento que comprove o puerpério (certidão de nascimento, cartão da gestante, documento do hospital onde ocorreu o parto, entre outros) durante o período de vacinação.
- Onde são fabricados os imunizantes contra a gripe?
No Brasil, utilizamos uma vacina produzida pelo Instituto Butantan, ou seja, é produção 100% nacional. Serão distribuídas aos estados mais de 80 milhões de doses de forma escalonada, de acordo com o avanço da campanha.
Ministério da Saúde alerta para importância da vacinação contra Influenza
Em mais uma etapa do Movimento Nacional pela Vacinação, o Ministério da Saúde alerta para a importância da proteção contra a Influenza, principalmente para pessoas com maior risco para casos graves e mortes. Mais de 80 milhões de brasileiros fazem parte do grupo prioritário e devem procurar os serviços de saúde em todo Brasil para receber a dose trivalente, que protege contra as principais cepas do vírus. A mobilização nacional busca retomar as altas coberturas vacinais que sofreram queda nos últimos anos. Em 2022, apenas 68% do público alvo foi imunizado contra a gripe. Para reverter esse cenário, a meta é vacinar 90% do grupo prioritário em 2023.
Com o conceito “Vacina é vida. Vacina é para todos”, a campanha publicitária que começa a partir desta terça-feira (11) terá como protagonista a atriz Nívea Maria e será veiculada, nacionalmente, em TV aberta, TV fechada e redes sociais, lugares de grande circulação de pessoas, rádio e internet.
Em 2019 e 2020, a cobertura vacinal contra a gripe atingiu 91% e 95%, respectivamente. Já em 2021, a queda no índice de vacinação refletiu em apenas 72% do público alvo vacinado. No ano passado, a queda foi ainda maior e a cobertura vacinal atingiu apenas 68%. Já o número de mortes pela doença aumentou 78% nos últimos dois anos. Em 2021, 901 pessoas perderam a vida para a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) causada pela Influenza e em 2022, o número de mortes registradas foi de 1.612.
O aumento de casos de Influenza registrados nos últimos anos também reforça a importância da vacinação para evitar casos graves e mortes, principalmente em quem tem maior risco. Em 2021, 7,2 mil casos foram registrados e em 2022, esse número saltou para 12.169. Em 2023, 1,3 mil casos da doença já foram confirmados com 87 óbitos.
O Ministério da Saúde vai distribuir 80 milhões de doses da vacina influenza trivalente, produzida pelo Instituto Butantan, de forma escalonada de acordo com o avanço da campanha. A formulação da vacina é anualmente atualizada para que a dose seja efetiva na proteção contra as cepas do vírus que circularam no ano anterior. O imunizante contra a Influenza pode ser aplicado com qualquer vacina do Programa Nacional de Imunizações, inclusive com as da Covid-19. Neste ano, a recomendação da pasta para estados e municípios é que a vacinação seja feita em uma só etapa, abrangendo todos os grupos prioritários.
Confira quais são os grupos prioritários da vacinação contra gripe:
- Idosos com 60 anos e mais
- Crianças de 6 meses a menores de 6 anos de idade (5 anos, 11 meses e 29 dias)
- Gestantes e puérperas
- Povos indígenas
- Trabalhadores da saúde
- Professores das escolas públicas e privadas
- Pessoas com comorbidades
- Pessoas com deficiência permanente
- Forças de segurança e salvamento
- Forças armadas
- Caminhoneiros
- Trabalhadores de transporte coletivo rodoviário de passageiros urbano e de longo curso
- Trabalhadores portuários
- Funcionários do sistema prisional
- Adolescentes e jovens de 12 a 21 anos de idade sob medidas socioeducativas
- População privada de liberdade
Crianças
Todas as crianças que receberam pelo menos uma dose da vacina influenza em anos anteriores, devem receber apenas uma dose em 2023. Para a população indígena e pessoas com comorbidades, a vacina está indicada para as crianças de 6 meses a menores de 9 anos de idade. Deve ser considerado o esquema de duas doses para as crianças de 6 meses a menores de 9 anos de idade, que serão vacinadas pela primeira vez, devendo-se agendar a segunda dose para 30 dias após a 1ª dose.
Também é importante ressaltar que a gripe é uma doença que possui tratamento específico para grupos elegíveis, com o medicamento fosfato de oseltamivir, disponível no Sistema Único de Saúde.
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