As ações da Petrobras (PETR4) avançavam mais de 3% nesta terça-feira (16), depois que a companhia anunciou uma nova política de preços, em um movimento em linha com o que aconteceu nos últimos dias, em que a estatal emitiu sinais de estava prestes promover a alteração.
Em coletiva de imprensa, o CEO da empresa, Jean Paul Prates, destacou que a estatal não vai se afastar da referência internacional, apenas abandonar a política de paridade de importação. “Estamos anunciando uma mudança na estratégia comercial da composição de preços e nas condições de venda, em um modelo que maximiza e incorpora vantagens competitivas da Petrobras”, disse.
O analista do BTG Pactual, Pedro Soares, chamou a atenção para o fato de que a Petrobras indicou que levará em conta o custo de produção, o que sugere que não terá perdas em sua operação, e o “custo alternativo do cliente” – o que, segundo o especialista, aponta que a empresa não vai perder participação de mercado.
Os reajustes não terão periodicidade definida e a empresa evitará repassar ao consumidor a alta volatilidade do setor. “Mas, de certa forma, isso já ocorre, pois há algum tempo os preços não são reajustados diariamente”, ponderou Soares.
Para o analista, o cenário de baixa para as ações da Petrobras está cada vez mais distante. “Projetamos impactos limitados nos resultados da empresa”, afirmou.
Impacto na Petrobras
O Bank of America (BofA) disse não conseguir estimar o impacto da nova política de preços porque a estatal não definiu uma referência explícita.
“A manutenção do equilíbrio em segmentos de mercado mais dependentes de importações (como o Norte do Brasil) deve implicar em mudanças limitadas na dinâmica de preços desses segmentos”, ponderou em relatório assinado por Bruno Amorim e equipe.
Em segmentos mais bem abastecidos pelas refinarias da Petrobras, como no Sul, a empresa deve ter mais flexibilidade para baixar preços caso queria, destacaram os analistas.
Para eles, se a empresa de fato busca otimizar a rentabilidade como preconiza a nova política, isso pode limitar a probabilidade de materialização do pior caso – uma eventual convergência para subsídios pesados como ocorria no passado”.
O economista André Perfeito sublinhou que a Petrobras não pode abandonar algum tipo de paridade com os preços internacionais porque o Brasil não é autossuficiente no refino. “O que foi anunciado precisa ser testado na realidade”, afirmou.
Para ele, o momento é propício para a Petrobras porque os preços domésticos estão mais caros do que a paridade, seja porque o barril de petróleo está relativamente estável, seja pelo real que se apreciou.
“Se a Petrobras souber administrar essa ‘gordura’, pode conduzir uma política que agradará a Faria Lima e movimentos mais à esquerda, mas isso só saberemos com o tempo”, disse o economista.
Por Kaype Daniel Abreu da Money Times, especializada em mercado de ações.
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